Ventos em Fúria
Céu e mar em fusão co' a negrejante
Tormenta, isolam das mi' as turvas vistas
O perenal, que, sendo um alquimista,
Dá fúria ao vento, em grito lancinante.
O mar, co' o vento, faz-se em par dançante
E torna os nimbos seus protagonistas
Nessa apresentação tão anarquista,
Num palco aberto, em fúria horripilante.
Feixes de fogo riscam altos véus
Lançando brasas, brumas do conflito,
Enquanto o tempo bebe em seus troféus.
E eu, no porão de mim, absorto e aflito,
Sou grão de areia em meio ao escarcéu,
Que vê no caos um sopro mais bendito.


















